"à procura, procura do vento. Porque a minha vontade tem o tamanho de uma lei da terra. Porque a minha força determina a passagem do tempo. Eu quero. Eu sou capaz de lançar um grito para dentro de mim, que arranca árvores pelas raízes, que explode veias em todos os corpos, que trespassa o mundo. Eu sou capaz de correr atrás desse grito, à sua velocidade, contra tudo o que se lança para deter-me, contra tudo o que se levanta no meu caminho, contra mim próprio. Eu quero. Eu sou capaz de expulsar o sol da minha pele, de vencê-lo mais uma vez e sempre.

Porque a minha vontade me regenera, faz-me nascer, renascer.
Porque a minha força é imortal."

domingo, 8 de maio de 2011

Ao Gigante Adormecido

Querido Gigante Adormecido,

Sei que te criei com muito carinho, mais ou menos como o Gepeto criou o Pinóquio, a partir de um tronco de um pinheiro, sabes?
Foi numa fase da minha vida tão cheia de coisas novas, de sítios e de lugares diferentes e maravilhosos, que foi posta uma energia tão grande em ti, em tudo o que fui criando e escrevendo para guardares... Foste gerado com muitos sentimentos maravilhosos dentro de mim, a alegria, a descoberta, o prazer, o carinho, a partilha, a amizade, o amor. Sim, o Amor. Não sabes o que é? Este Amor é um Amor pela vida, pela diferença e por algumas pessoas. É um amor lato, um amor vasto. Um Amor sem tempo, onde couberam tantas situações e tantas pessoas. E ainda cabem...
Ainda eras um bebé de meses e permitiste-me conhecer um grupo fantástico de mulheres, e ficaste mais rico de emoções devido a elas.
Ainda eras bebé de meses e já eu te ensinava o que era a saudade... E era tão bom poder partilhar através de ti todos esses sentimentos agridoces e perfumados, com umas lágrimas a quererem sair.
Viveste a bulir até Julho de 2010, nunca te deixei descansar por egoísmo meu, usei-te a meu belo prazer para poder criar laços e fortalecê-los. O que são laços? São aqueles laços que a raposa do Principezinho fala. Aqueles laços que fazem com que as pessoas se tornem cada vez mais reais e imprescindíveis, aqueles laços que fazem de nós seres mais vulneráveis mas ao mesmo tempo mais felizes. Um dia vais perceber...
Viemos os dois para Portugal em Julho de 2010 e, apesar de tudo ser novo para ti, aguentaste a minha "depressão pós-Hungria", apesar de estares tão cansado, ouvias-me, aguentavas o meu mau feitio, prejudicavas-te por minha causa, estiveste sempre ao meu lado, como aqueles amigos que se tornam inseparáveis a  partir do momento em que a vida nos faz viver momentos demasiado especiais. E eu nunca te dei uma palavra amiga, houve até alturas em que te ignorei, nunca tanto como agora, mas houve. E tu estiveste sempre aqui, sempre... Um amor tão incondicional que não sei se mereço...
Há uns meses para cá deixei-te, finalmente, descansar. E aproveitaste esse sono porque sabes que eu não te mereço, que te tenho ignorado frequentemente. 
Entretanto, todo o teu corpo cresceu. És agora um Gigante Adormecido. Estás diferente.
Sei que vives em tédio, que gostavas de voltar aos teus tempos áureos, que não te importas de não descansar porque eras mais feliz, antes. Sabes que a tua vida depende da expressão dos sentimentos e da criação de laços. Hoje sabes isso.
Escrevo-te, porque é importante para mim dizer-te isto tudo e tentar explicar-te o que se passa... Agora estou mesmo atolhada em trabalho, Gigante. Muitas vezes chego a casa e só me apetece dormir. E há dias carregados de stress e de adrenalina. Há dias em que chego a casa e só me apetece esquecer...
Houve dias em que o vazio que senti era grande e houve outros em que a sensação de dever cumprido também foi grande. Ou seja, nesta nova fase, onde o sentido de responsabilidade é muito maior, os meus dias têm sido mais agitados e, por vezes, angustiantes e frustrantes.
Não quis que guardasses maus sentimentos, dias menos bons, quis-te proteger disso. Em memória aos velhos tempos. Mas a minha vida agora é assim. E é meu dever educar-te também para a vida. E a vida é assim mesmo, com dias bons e dias menos bons.
E eu sou a mesma pessoa de sempre, ando é mais ocupada e mais ansiosa. E depois ainda tenho de estudar...
Agora já sabes mais ou menos a situação. Larguei-te um pouco mas sempre gostei muito de ti.
Vou estar mais atenta às tuas necessidades, apesar de saberes de antemão que a minha vida está mais preenchida. 
Vou-te deixar descansar mais vezes, mas não te quero deixar mais adormecido.
Porquê?
Porque sinto que esse turpor pode reflectir também o meu turpor. E eu não quero isso...
E eu quero é viver!

Um beijinho doce

4 comentários:

  1. lindo Janine, como só tu sabes fazer, adoro o que escreves, tenho muitas saudades de ti. beijinho grande.

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  2. Querida Princesa Janine, agora é que tu beijaste o Gigante Adormecido! Devolveste-o à Vida! E memso que o deixes dormir mais tempo, ele acordará sempre através do teu beijo mágico, aquele que trazes dentro de ti na tua reserva de Fantasia, acordará, dizia eu, feliz e a querer dizer-te isso: estou Orgulhoso de ti, tal como as pessoas com quem te tens cruzado ao longo da Vida e que sentem gratas pela carinho que lhes deste. Sabes: é o meu caso!!!! Estou vaidosa da nossa Janine!!!!!! Um xi graaaaaaaaaaaaaaaaande!

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  3. Muito obrigada, querida Graça. Um beijinho enorme, saudades.

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  4. Madalena, muito obrigada pelo texto lindo. E pelo orgulho... Um beijinho e um xi-coração...

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