"à procura, procura do vento. Porque a minha vontade tem o tamanho de uma lei da terra. Porque a minha força determina a passagem do tempo. Eu quero. Eu sou capaz de lançar um grito para dentro de mim, que arranca árvores pelas raízes, que explode veias em todos os corpos, que trespassa o mundo. Eu sou capaz de correr atrás desse grito, à sua velocidade, contra tudo o que se lança para deter-me, contra tudo o que se levanta no meu caminho, contra mim próprio. Eu quero. Eu sou capaz de expulsar o sol da minha pele, de vencê-lo mais uma vez e sempre.

Porque a minha vontade me regenera, faz-me nascer, renascer.
Porque a minha força é imortal."

domingo, 29 de novembro de 2009

Sushi, bicicletas e arroz-doce...

Olá a todos!!

Aliar os prazeres da vida é coisa que todos devemos fazer, em vez de nos andarmos a lamentar que o tempo está mau e que a vida é uma merda...

E normalmente, quem se queixa mais são pessoas que não têm motivo para tal, a saúde vai bem, têm pernas para andar e sorrisos para dar, mas deixam-se afundar sabe-se lá porquê...

Do lado oposto vêem-se autênticas guerreiras e guerreiros a lutar contra a doença ou contra situações muito difíceis na vida. Conheci uma assim há 10 anos atrás, continuo a conhecer pessoas assim por todas as enfermarias por onde passo e agora até através da internet... São exemplos de vida para todos...

Que tal tentar mudar um bocadinho o humor e valorizarmos mais o que temos?


Prazer nº 1 - Descobri um restaurante japonês com muita qualidade aqui em Debrecen que entrega ao domicílio, esta caixinha é menos de 8 euros e fica-se cheio! Muito bom, para variar...























Prazer nº 2...



 

 

 

Por incrível que pareça, descobri o prazer de andar de bicicleta aqui em Debrecen, esta vai comigo para Portugal quando for definitivamente... Já é uma amiga...


Prazer nº 3 - O arroz doce? Acabei de o fazer e parece que está bom...


Um beijinho muito grande, em especial para todos os guerreiros e guerreiras que dão um novo sentido às  suas vidas, todos os dias...

Sejam também pequenos guerreiros das vossas...
Beijinhos... Saudades....


sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Somos queridos...

Hoje acordei cedo, tendo em conta as horas a que me deitei (estou a ficar mais húngara nesse aspecto)...

Tive de ir ao departamento de Obstetrícia para me assinarem o Lecture Book, coisa que não temos em Portugal mas aqui, sem assinatura, não podemos ir ao exame...

As secretárias do Departamento são umas queridas! Uma só sabe falar húngaro mas ri-se muito e tenta ajudar, o que é sempre muito bom (e raro, devo dizer)...

Chamaram o Head of the Department (entre tugas o equivalente ao regente) para me assinar o tal Lecture Book e ele assinou prontamente...

Perguntou-me de onde era...
E eu disse... Portugal...
E foi então que ele disse "Ah!"
E a partir daí senti-me muito babada...

...E falou... Que tinha gostado muito...

...Que tinha andado de eléctrico amarelo, que as pessoas lhe perguntavam sempre se precisava de alguma coisa, que era um país muito bonito, com um povo muito simpático, com boa comida e com bom vinho... Que tínhamos muita qualidade de vida (eu sei que se vão rir desta...)

Mas para os mais sépticos, acreditem!

Somos muito queridos... E isso é muito bom!
E nós que estamos quase sempre a falar mal do nosso País!...
Devíamos sentir um grande orgulho quando algum estrangeiro nos fala desta forma...

Eu senti!
Porque sei que em muito ele tem razão...
Ainda somos um país muito consensual, demasiado acolhedor, onde existem pessoas calorosas e simpáticas...

Pessoas de Portugal, não se percam com esta onda de desumanidade mundial!...
Se temos tanto Sol para nos sentirmos mais felizes também temos que ter muito Sol para dar aos outros...

...Para que continuemos a ser conhecidos como um povo Acolhedor, Simpático e Alegre...
É verdade, toda a gente me diz por aqui que somos um povo alegre...

Por isso, vamos todos erguer a cabeça e mostrar que somos Portugueses e Felizes!

Um beijinho muito grande
Um dia muito Feliz para todos...

Hakuna Matata...

Para eliminar de vez os tiroteios e outros pensamentos negativos...

Porque merecemos viver num mundo cada vez mais seguro e solidário...

Antes de ir para a cama, deixo-vos isto...

Um beijinho mágico como os Filmes da Disney... :)

Fiquem bem...

sábado, 21 de novembro de 2009

A Flor Maior do Mundo




Porque todos os dias são dias especiais, às vezes só estamos demasiado distraídos e ocupados...

Porque há alegria e simplicidade em todos nós...

Para o Nuno, para a Beatriz, para a Carolina, e para o Francisco...

Para ti, Flor, pelos teus 25 anos tão especiais...

Beijinhos...

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Transilvânia - Dracula Tour

A Roménia desperta em nós sensações profundas:  pela pobreza do povo,  pela simpatia das gentes, pelas paisagens que por vezes nos remetem para o Portugal de antigamente, pela língua calorosamente latina que me fez sentir em casa...

A terra do Drácula, que deixou de pertencer à Hungria em 1920, é muito mais do que isso... É ainda uma zona muito rural que iniciou agora a construção de autoestradas.
Mas é também terra de bonitas paisagens, onde se sente a  imponência dos Cárpatos e toda a sua magia...





Rebanho, logo após a fronteira ;)





Igreja ainda por acabar em Oradea

 
O espírito da montanha e o frio, também... 



 




Cluj Napoca, igreja (à esq.) e teatro nacional (à dta)
Esta cidade possui uma grande universidade, uma das maiores da Roménia





Erasmus party (esqda) e hostel onde pernoitámos





Cavalinhos romenos, um pouquito sujos...
Muitas pessoas usam carroças puxadas a cavalo nesta zona, para se deslocarem...



 
Cidadela - Património da Humanidade desde 1999





 


 
Museu da Cidadela - Castelo do Drácula




 Placa informativa dentro da Cidadela, indicando a casa onde nasceu o Drácula




 
Completamente possuída, no interior do castelo do Drácula















Apontamentos da cidade, a partir do Castelo do Drácula





 
Nós na Cidadela...




Misticismo e muitos abóboras....




Restaurante gipsy, Tirgu Mures




Um bom jantar...
Como aperitivo, um copo de Palinka para cada um, nada mais nada menos do que uma leve aguardentezinha...




Targu Mures, manhãzinha, com 3 tangerinas na mão, fantástico!... 






Lindo!!
Cárpatos!!!



Inspirador!!



 

 

Depois de uma caminhada de 1h30min, saborear toda esta Natureza e limpar a alma... faz sentir que vale a pena permanecer... Assombrosamente lindo!





 
A última subida para cortar a meta...





Beijinhos...

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

23 de Outubro - Feriado Nacional Húngaro

Olá a todos!

No dia 23 de Outubro foi feriado nacional aqui na Hungria... Não poderia deixar passar data tão importante para os húngaros neste blog...

Este feriado relembra 2 acontecimentos marcantes na Hungria (pensei logo que se fosse em Portugal teríamos 2 feriados, mas pronto):

1- Insurreição Húngara de 1956

2- Proclamação da constituição democrática húngara em 1989

Mas era sobre a insurreição húngara que vos queria falar porque continua a suscitar muitas recordações tristes e muitas mágoas neste povo...

Então contextualizando historicamente a Hungria...


 Guerra, Regência e Holocausto 

Tratado de Trianón 
Em 1920, após a derrota na I Grande Guerra Mundial, a Hungria, através da assinatura do Tratado de Trianón, perde dois terços do seu território.

O Tratado de Trianón foi assinado em 4 de junho de 1920, no Palácio Petit Trianon, em Versalhes, França. Destinava-se a regular a situação do novo estado húngaro que substituiu o Reino da Hungria, parte do antigo Império Austro-Húngaro, após a Primeira Guerra Mundial.
As partes do tratado eram as potências vitoriosas, os seus aliados e o lado perdedor. As potências vitoriosas incluiam os Estados Unidos, o Reino Unido, a França e a Itália; os seus aliados eram a Romênia, a Jugoslávia e a Checoslováquia. O lado perdedor estava representado pela Hungria.

No campo dos derrotados, a Hungria perdeu dois terços de seu território, que passou de 325.000 km² a apenas 93 000 km² após a assinatura do tratado, e quase dois terços da sua população, de 19 milhões para 7 milhões de habitantes.

O território perdido foi distribuído da seguinte maneira:
  • a Romênia recebeu a Transilvânia (102.000 km²);
  • a Croácia, a Eslavônia e a Voivodina uniram-se à Sérvia (63.000 km²);
  • a Checoslováquia recebeu a Rutênia e a Eslováquia (63 000 km²) ;
  • a Áustria recebeu a Burgenland (4.000 km²); Sopron voltou à Hungria após o referendo de 1921.
A Hungria perdeu o acesso ao mar que possuía através da Croácia.
O tratado criou expressivas minorias húngaras na Roménia, na Jugoslávia e na Checoslováquia.




  
Todo o território branco fora da linha vermelha que delimita a Hungria actual, foi o território que a Hungria perdeu....

Holocausto
Na II Guerra Mundial, em troca do apoio da Alemanha de Hitler na recuperação dos territórios perdidos no tratado de Trianón, a Hungria aliou-se aos Nazis.
Em 1941, Horthy (regente da monarquia húngara desde 1920) enviou tropas para a invasão da Jugoslávia e, mais tarde, da União Soviética.
Nos finais de 1944, Horthy torna-se um empecilho e é preso pelas SS.
Os Cruzes-Flechadas, pró-hitlerianos, passam a dirigir o país.

 565 000 húngaros foram mortos até Agosto de 1944, um terço de todos quanto morreram em Auschwitz durante o conflito.

Sovietização

Depois do governo interino ter organizado as eleições livres de 1945, ganhas pelo partido dos pequenos proprietários, com 57% dos votos, é proclamada a República.
Contudo, nas eleições de 1947, a coligação de esquerda, entretanto formada pelos Comunistas, Sociais-Democratas e outras forças políticas, chegou aos 60% dos votos, e, nas eleições de 1949, essa mesma coligação, agora a concorrer em lista única, arrecadou cerca de 95% dos votos.
Consequentemente, a 20 de Agosto de 1949, foi proclamada a República Popular da Hungria, cujo poder passou a ser representado pelo Politburo do Partido Comunista.
Entre 1948 e 1953, aquele que foi o primeiro secretário geral do partido, Mátyás Rákosi, irá pôr em marcha uma planificada e inflexível política estalinista.
A colectivização agrária foi alvo de forte contestação por parte de muitos camponeses, pelo que alguns acabaram nas prisões ou executados.
A Hungria passou então a ser mais um estado-satélite da União Soviética.

Revolução
A morte de Estaline em 1953 fez cair Rákosi, que é substituído por Imre Nagy (encetou uma política reformista nos 2 anos de permanência no poder).
Mas a linha dura não apreciou as suas reformas e substitui-o, em Abril de 1955, por Ernó Geró.

(A Revolução Húngara de 1956 foi um levantamento popular espontâneo contra o governo estalinista na Hungria e contra a política imposta pela União Soviética, iniciado em 23 de Outubro de 1956 com uma grande manifestação estudantil que marchou pelo centro da capital Budapeste. No dia 4 de Novembro de 1956, o Exército Vermelho invade a cidade e a resistência organizada chega ao fim, seis dias depois.)

O levantamento húngaro começou em 23 de Outubro de 1956, com uma manifestação pacífica de estudantes em Budapeste. Exigiam o fim da ocupação soviética e a implantação do "socialismo verdadeiro". Quando os estudantes tentaram resgatar alguns colegas que haviam sido presos pela polícia política, esta abriu fogo contra a multidão.
No dia seguinte, oficiais e soldados juntaram-se aos estudantes nas ruas da capital. A estátua de Estaline foi derrubada por manifestantes que entoavam, "russos, voltem para casa", "abaixo Gerő" e "viva Nagy".

No dia 25 de Outubro, tanques soviéticos dispararam contra manifestantes na Praça do ParlamentoMais de 100 pessoas foram mortas! Chocado com tais acontecimentos, o comité central do partido forçou a renúncia de Gerő e substituiu-o por Imre Nagy.


 25 de Outubro de 2009 -  Praça do Parlamento, Budapeste


 


 


Nagy foi à Rádio Kossuth e anunciou a futura instalação das liberdades, como seja o multipartidarismo, a extinção da polícia política, a melhoria radical das condições de vida do trabalhador e a busca do socialismo condizente com as características nacionais da Hungria.
Em 28 de Outubro, o primeiro-ministro Nagy vê as suas opções serem aceites por todos os órgãos do Partido Comunista. Os populares desarmam a polícia política.

Em 30 de outubro, Nagy comunicou a libertação do cardeal Mindszenty e de outros prisioneiros políticos. Reconstituíram-se os Partidos dos Pequenos Proprietários, Social-Democrata e Camponês Petőfi.
O Politburo Soviético decide, numa primeira fase (30 de Outubro) mandar as tropas sair de Budapeste, e mesmo da Hungria se viesse essa a ser a vontade do novo governo.

Mas no dia seguinte, volta atrás e decide-se pela intervenção militar e instauração de um novo governo. A 1 de Novembro, o governo húngaro, ao tomar conhecimento das movimentações militares em direcção a Budapeste, comunica a intenção húngara de se retirar do Pacto de Varsóvia e pede a protecção das Nações Unidas.

A 3 de Novembro, Budapeste está cercada por mais de mil tanques. A 4 de Novembro, o Exército Vermelho invade Budapeste, com o apoio de ataques aéreos e bombardeamentos de artilharia, derrotando rapidamente as forças húngaras.  

Calcula-se que 20 000 pessoas foram mortas durante a intervenção soviética.  
Nagy foi preso (e posteriormente executado) e substituído no poder pelo simpatizante soviético János Kádár.  
Mais de 2 mil processos políticos foram abertos, resultando em 350 enforcamentos. Dezenas de milhares de húngaros fugiram do país e cerca de 13 mil foram presos. As tropas soviéticas apenas saíram da Hungria em 1991.

Democracia

Em Junho de 1989,  a nação deu nova e solene sepultura a Imre Nagy e, simbolicamente, a todas as vítimas da Revolução de 1956. Uma mesa redonda nacional reuniu os novos partidos e alguns antigos, recriados (como os Pequenos Proprietários e os Sociais-Democratas), bem como os comunistas, para discutir a reforma da Constituição e os preparativos para as eleições livres.

Em Outubro, o Partido Comunista reuniu o seu último congresso e transformou-se no Partido Socialista Húngaro (MSzP). Numa sessão histórica também em Outubro, o Parlamento determinou a convocação de eleições parlamentares pluripartidárias e de uma eleição presidencial directa. A nova legislação converteu a República Popular da Hungria na República da Hungria, garantiu os direitos humanos e civis e criou uma estrutura institucional que assegurava a separação dos poderes.

A nova República foi oficialmente declarada em 23 de Outubro de 1989, aniversário da Revolução de 1956. (e por isso recordam 2 datas importantes no mesmo dia)






Praça do Parlamento, Budapeste - Hungria, 20 Anos de Democracia




Beijinhos......