"à procura, procura do vento. Porque a minha vontade tem o tamanho de uma lei da terra. Porque a minha força determina a passagem do tempo. Eu quero. Eu sou capaz de lançar um grito para dentro de mim, que arranca árvores pelas raízes, que explode veias em todos os corpos, que trespassa o mundo. Eu sou capaz de correr atrás desse grito, à sua velocidade, contra tudo o que se lança para deter-me, contra tudo o que se levanta no meu caminho, contra mim próprio. Eu quero. Eu sou capaz de expulsar o sol da minha pele, de vencê-lo mais uma vez e sempre.

Porque a minha vontade me regenera, faz-me nascer, renascer.
Porque a minha força é imortal."

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Gelado de Verão



Foste a razão da viagem de umas férias para fugir
Foste a razão da viagem de umas férias para fugir
Encontrei-te na paragem, no descer e no subir

Dei o teu nome a toda a gente e a todos te quis chamar

Dei o teu nome a toda a gente e a todos te quis chamar
Dei a tua voz ao vento e ao movimento o teu andar

Foste a frescura da minha sede

Andei contigo na minha mão
Foste a frescura da minha sede
Andei contigo na minha mão
Pintei a boca de rosa e verde
Foste o gelado do meu verão

Foste a sombra do momento, tentação a experimentar

Foste a sombra do momento, tentação a experimentar
Foste a luz do salvamento do regresso ao meu olhar

Tu foste em todas as formas um país que eu nunca vi

Tu foste em todas as formas um país que eu nunca vi
Velho sonho dos meus olhos e eu só te vi a ti

Foste a frescura da minha sede

Andei contigo na minha mão
Foste a frescura da minha sede
Andei contigo na minha mão
Pintei a boca de rosa e verde
Foste o gelado do meu verão

Teu corpo minha toalha, foste o Sol da minha cor

Teu corpo minha toalha, foste o Sol da minha cor
Foste o mar da minha praia, tu foste o meu bronzeador

Foste a frescura da minha sede

Andei contigo na minha mão
Foste a frescura da minha sede
Andei contigo na minha mão
Pintei a boca de rosa e verde
Foste o gelado do meu verão


António Variações



terça-feira, 5 de julho de 2011

Obrigada.

Obrigada a todos os que sempre acreditaram!
Obrigada a todos os que não torceram o nariz!
Obrigada a todos os que senti que sempre se alegraram comigo!
Obrigada a todos os que não disseram "Estás louca, mais 6 anos?"
Obrigada a todos os que não disseram "Não seria melhor acabar Biologia e só depois...?"
Obrigada a todos os que não disseram cobras e lagartos de Lisboa!
Obrigada a todos os que me acolheram nesta cidade que também já é minha, e linda, e cheia de luz.
Obrigada a todos os que sempre me esperaram com um abraço, na minha cidade de Coimbra, linda e cheia de fado.
Obrigada a todos os que me fizeram aprender.
Obrigada a todos os que me ouviram nas frustrações e nos erros.

Obrigada às amigas de Biologia, com quem partilhei momentos únicos!
Obrigada aos amigos de Debrecen, com quem partilhei momentos únicos!
Obrigada, a vocês, amigas de Medicina, com quem partilhei momentos únicos, e quase tudo!

Obrigada às amigas do Gang da Mama, pelas palavras certas sempre nos momentos certos e por me obrigarem a relativizar.

A Ti, que desde sempre me tens amparado e feito com que nunca caia.
A Ti, pela tua perseverança, e por me tornares mais forte, e quase igual a ti na perseverança, ou na Loucura! Sem isso não estaria aqui.
A Vós, pelo Amor incondicional!

E já passaram 6 anos...
Que venham mais 6, e felizes!
Para todos nós!

quinta-feira, 23 de junho de 2011

A noite incendeia a paixão. E contudo é a manhã a garantir o Amor.

                                                                           Júlio Machado Vaz

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Dias de estremecer por dentro

Há dias em que sentimos estremecer por dentro. Por pessoas que entram nas nossas vidas e que nem conhecemos.
Ontem ouvi a velha senhora de 90 anos dizer-me que não tinha ninguém, e que estava cansada, e que só queria que Deus a levasse. Com tamanha lucidez, com tamanha sensatez. Sem sentimentalismos baratos. Quando lhe disse que ia mudar para uma enfermaria melhor, com muito menos gente, mais tranquila, disse-me: "Não preciso de estar sem gente, sozinha já eu estou todos os dias". Quando lhe descobrimos a tuberculose disseminada, apenas lhe disse que tinha um bichinho no sangue, que tinha de ir para outro sítio melhor, e começar antibiótico. Não lhe pude dizer o que era, tendo consciência do que significa a palavra "tuberculose" para uma senhora de 90 anos e sabendo que os infecciologistas estão mais aptos do que eu para responder às suas necessidades. De qualquer forma, antes de ir embora ainda me disse: "não me minta, doutora". E eu não menti... apenas estremeci por dentro, por saber que muito possivelmente, se sobreviver a isto tudo, vai para um lar, uma vez que os familiares afastados com quem vive já não podem (ou não querem) tê-la mais em casa, estremeci por dentro ao saber que todo o tratamento vai durar pelo menos 6 meses e não sei se vai aguentar ficar no hospital mais tempo do que estava à espera, e estremeci por dentro por saber que ela tem razão, que ela merece que não a chateiem mais e que não a piquem mais, que aos 90 anos tem uma lucidez que muito pouca gente tem, e que merecia ter tido filhos que estivessem agora ao pé dela a segurar-lhe a mão, e a dizer para não se preocupar.

E à noite, estremeci por dentro...aquela reportagem da TVI. A mãe de Rui Pedro. E o absurdo de tudo aquilo. E o absurdo em que se pode tornar a nossa vida, de repente. A injustiça. O grito mudo mas permanente. A dor excruciante. O arrepio. A injustiça. A injustiça. Uma vida desperdiçada. Várias vidas fantasma, em suspenso.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

10 Pequenos Prazeres aleatórios...

1 - Um pequeno prazer é... ver um bom filme no sofá encostado a alguém especial...

2 - Um pequeno prazer é... dormir sem preocupações sobre quando acordar...

3 - Um pequeno prazer é... chegar a Coimbra e saber quem vou encontrar...

4 - Um pequeno prazer é... estar com os meus avós...

5 - Um pequeno prazer é... um bom café e um quadrado de chocolate negro a derreter na boca...

6 - Um pequeno prazer é... um bom gelado!

7 - Um pequeno prazer é... dizer a um doente que vai ter alta...

8 - Um pequeno prazer é...um romance lido à beira-mar...

9 - Um pequeno prazer é... sentir que sou bem-vinda!

10 - Um pequeno prazer é... receber um elogio inesperado...

Um pequeno prazer é... saber os vossos!
Contem!!! ;)
Beijinhos!!!! E boa 6ªfeira, e bom fim-de-semana!

segunda-feira, 16 de maio de 2011

A ti...

Parabéns, a ti, que mudaste a minha vida!

Parabéns, a ti, que me ensinaste tantas coisas...

Parabéns, a ti, que me fizeste acreditar que era possivel!

Parabéns, a ti, que me amparaste.

Parabéns, a ti, que me fizeste rir quando só me apetecia chorar...

Parabéns, a ti, que me acompanhaste em muitas viagens, e tão lindas!

Parabéns, a ti, que me fizeste uma pessoa mais completa.

Parabéns, parabéns, parabéns, parabéns!!!!

Parabéns, Filipe!

domingo, 8 de maio de 2011

Ao Gigante Adormecido

Querido Gigante Adormecido,

Sei que te criei com muito carinho, mais ou menos como o Gepeto criou o Pinóquio, a partir de um tronco de um pinheiro, sabes?
Foi numa fase da minha vida tão cheia de coisas novas, de sítios e de lugares diferentes e maravilhosos, que foi posta uma energia tão grande em ti, em tudo o que fui criando e escrevendo para guardares... Foste gerado com muitos sentimentos maravilhosos dentro de mim, a alegria, a descoberta, o prazer, o carinho, a partilha, a amizade, o amor. Sim, o Amor. Não sabes o que é? Este Amor é um Amor pela vida, pela diferença e por algumas pessoas. É um amor lato, um amor vasto. Um Amor sem tempo, onde couberam tantas situações e tantas pessoas. E ainda cabem...
Ainda eras um bebé de meses e permitiste-me conhecer um grupo fantástico de mulheres, e ficaste mais rico de emoções devido a elas.
Ainda eras bebé de meses e já eu te ensinava o que era a saudade... E era tão bom poder partilhar através de ti todos esses sentimentos agridoces e perfumados, com umas lágrimas a quererem sair.
Viveste a bulir até Julho de 2010, nunca te deixei descansar por egoísmo meu, usei-te a meu belo prazer para poder criar laços e fortalecê-los. O que são laços? São aqueles laços que a raposa do Principezinho fala. Aqueles laços que fazem com que as pessoas se tornem cada vez mais reais e imprescindíveis, aqueles laços que fazem de nós seres mais vulneráveis mas ao mesmo tempo mais felizes. Um dia vais perceber...
Viemos os dois para Portugal em Julho de 2010 e, apesar de tudo ser novo para ti, aguentaste a minha "depressão pós-Hungria", apesar de estares tão cansado, ouvias-me, aguentavas o meu mau feitio, prejudicavas-te por minha causa, estiveste sempre ao meu lado, como aqueles amigos que se tornam inseparáveis a  partir do momento em que a vida nos faz viver momentos demasiado especiais. E eu nunca te dei uma palavra amiga, houve até alturas em que te ignorei, nunca tanto como agora, mas houve. E tu estiveste sempre aqui, sempre... Um amor tão incondicional que não sei se mereço...
Há uns meses para cá deixei-te, finalmente, descansar. E aproveitaste esse sono porque sabes que eu não te mereço, que te tenho ignorado frequentemente. 
Entretanto, todo o teu corpo cresceu. És agora um Gigante Adormecido. Estás diferente.
Sei que vives em tédio, que gostavas de voltar aos teus tempos áureos, que não te importas de não descansar porque eras mais feliz, antes. Sabes que a tua vida depende da expressão dos sentimentos e da criação de laços. Hoje sabes isso.
Escrevo-te, porque é importante para mim dizer-te isto tudo e tentar explicar-te o que se passa... Agora estou mesmo atolhada em trabalho, Gigante. Muitas vezes chego a casa e só me apetece dormir. E há dias carregados de stress e de adrenalina. Há dias em que chego a casa e só me apetece esquecer...
Houve dias em que o vazio que senti era grande e houve outros em que a sensação de dever cumprido também foi grande. Ou seja, nesta nova fase, onde o sentido de responsabilidade é muito maior, os meus dias têm sido mais agitados e, por vezes, angustiantes e frustrantes.
Não quis que guardasses maus sentimentos, dias menos bons, quis-te proteger disso. Em memória aos velhos tempos. Mas a minha vida agora é assim. E é meu dever educar-te também para a vida. E a vida é assim mesmo, com dias bons e dias menos bons.
E eu sou a mesma pessoa de sempre, ando é mais ocupada e mais ansiosa. E depois ainda tenho de estudar...
Agora já sabes mais ou menos a situação. Larguei-te um pouco mas sempre gostei muito de ti.
Vou estar mais atenta às tuas necessidades, apesar de saberes de antemão que a minha vida está mais preenchida. 
Vou-te deixar descansar mais vezes, mas não te quero deixar mais adormecido.
Porquê?
Porque sinto que esse turpor pode reflectir também o meu turpor. E eu não quero isso...
E eu quero é viver!

Um beijinho doce