"à procura, procura do vento. Porque a minha vontade tem o tamanho de uma lei da terra. Porque a minha força determina a passagem do tempo. Eu quero. Eu sou capaz de lançar um grito para dentro de mim, que arranca árvores pelas raízes, que explode veias em todos os corpos, que trespassa o mundo. Eu sou capaz de correr atrás desse grito, à sua velocidade, contra tudo o que se lança para deter-me, contra tudo o que se levanta no meu caminho, contra mim próprio. Eu quero. Eu sou capaz de expulsar o sol da minha pele, de vencê-lo mais uma vez e sempre.

Porque a minha vontade me regenera, faz-me nascer, renascer.
Porque a minha força é imortal."

sábado, 8 de maio de 2010

A lição de vida dos mortos...


O meu fim-de-semana vai ser passado a estudar Forense (com um interregno para ver o jogo do Benfica), tenho exame na Quarta.
É engraçado como sempre gostei de ver séries policiais, mesmo em miúda, mas depois ficava cheia de medo. Ainda hoje gosto de um bom filme carregado de suspense, mas tem de ser bem feito.

Agora é mais sério, quando realmente vemos os mortos à nossa frente. Aprende-se a lidar com isso, confesso que pensei que me fizesse mais impressão. Cada um deles teve a sua história e isso faz pensar, e exige respeito por aquele corpo que já foi pessoa.
Vi muitos cadáveres este ano, muitos mais do que veria, possivelmente, em Portugal (parece que não se morre por lá). E até pode parecer mórbido, mas o interesse que existe nestes médicos é o de saber a causa da morte, a fim de dar alguma Paz a quem fica, e para que seja feita justiça.
O objectivo é nobre.
Entre os que vi, existem muitos suicídios: A Hungria é dos países da UE com maior taxa de suicídio - penso que deve ser uma conjunção de factores sociais com a forma de ser dos húngaros - no geral, são muito carrancudos e depressivos.

"O suicídio é um trágico problema de saúde pública em todo o mundo. Ocorrem mais mortes por suicídio que por homicídios e guerras juntos. É preciso adotar com urgência em todo o mundo medidas coordenadas e mais enérgicas para evitar esse número desnecessário de vítimas", afirma Catherine Le Galès-Camus, subdiretora geral da OMS para Enfermidades Não-Transmissíveis e Saúde Mental.

Lembro-me também de um jovem nascido em 1988 (portanto, mais novo do que eu) que, ironicamente, morreu atropelado por um carro, estava a andar de bicicleta à noite, sem colete refletor. Não há palavras para tamanho absurdo.

Os húngaros têm uma boa medicina forense porque se habituaram, infelizmente, a ser chamados para avaliar os crimes ligados às máfias de leste (que ainda existem) e, também, porque contribuíram para a investigação de determinados crimes violentos, como os da ex-Jugoslávia.

Falar de morte, no mundo ocidental, ainda é considerado tabú. Desde pequeninos que aprendemos, devido à nossa cultura, a ter medo dos mortos, como se eles se fossem levantar e fazer-nos mal.
A verdade é que os mortos não fazem mal a ninguém. Não há nada mais sem vida do que um morto.
Os vivos, sim, são os maiores responsáveis pelas dores uns dos outros...
E aí é que está a questão...
Ao olhar para mortos que não são os "nossos" mortos, sente-se a vulnerabilidade da nossa vida. E ao conhecer a história da morte de cada um, sente-se a imprevisibildade do estado que é viver... Às vezes, erradamente, achamos que temos tudo sobre controlo, quando tudo é completamente sem controlo...
Assim, a lição que os mortos nos dão é uma lição de vida...
É como se segredassem, tal como no fabuloso filme O Clube dos Poetas Mortos, aproveitem o dia!
Tornem o vosso dia extraordinário!
Sejam Felizes e façam os outros Felizes!

Algo que podia ser tão simples, não é?
Um beijinho enorme para todos...

7 comentários:

  1. Olá janine
    Mais uma vez demonstraste neste teu post.a linda menina que és e o enorme coração que tens,como te tenho dito várias vezes continua sempre assim,vais ser uma excelente medica,muito carinhosa e muito humana,tenho absoluta certeza disso.
    Beijinhos
    (estuda muito e não só eheheh)

    Bom fim de semana.

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  2. Muito obrigada, Natália! Esperemos que tenha razão... A vida o dirá...
    :) Um beijinho, com muito carinho daqui das hungrias.

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  3. Olá Janine.

    Um feliz resultado no exame.
    Feliz domingo e próxima semana.

    Beijinhos.

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  4. Olá Xekim, obrigada. Boa semana!

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  5. Olá Janine
    A morte é simples, mas a dor que fica quando partem é insuportável, só o tempo é que a atenua, por vezes.
    jokas e bom exame

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  6. Olá querida Sandra. Concordo com tudo, a dor por vezes é insuportável e o tempo vai atenuando e deixando uma saudade boa. É o lado mau da vida, ter de lidar com a morte e com a perda das pessoas que amamos.
    Um beijinho enorme com muito carinho.

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  7. A morte é uma fase da vida terrível, para quem fica claro. Avaliar um corpo morto deve ser tarefa díficil. Não o conseguiria, acho eu. Por isso, bom trabalho e eestudo ainda por cima longe de casa.

    jinhos meus

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