"à procura, procura do vento. Porque a minha vontade tem o tamanho de uma lei da terra. Porque a minha força determina a passagem do tempo. Eu quero. Eu sou capaz de lançar um grito para dentro de mim, que arranca árvores pelas raízes, que explode veias em todos os corpos, que trespassa o mundo. Eu sou capaz de correr atrás desse grito, à sua velocidade, contra tudo o que se lança para deter-me, contra tudo o que se levanta no meu caminho, contra mim próprio. Eu quero. Eu sou capaz de expulsar o sol da minha pele, de vencê-lo mais uma vez e sempre.

Porque a minha vontade me regenera, faz-me nascer, renascer.
Porque a minha força é imortal."

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

23 de Outubro - Feriado Nacional Húngaro

Olá a todos!

No dia 23 de Outubro foi feriado nacional aqui na Hungria... Não poderia deixar passar data tão importante para os húngaros neste blog...

Este feriado relembra 2 acontecimentos marcantes na Hungria (pensei logo que se fosse em Portugal teríamos 2 feriados, mas pronto):

1- Insurreição Húngara de 1956

2- Proclamação da constituição democrática húngara em 1989

Mas era sobre a insurreição húngara que vos queria falar porque continua a suscitar muitas recordações tristes e muitas mágoas neste povo...

Então contextualizando historicamente a Hungria...


 Guerra, Regência e Holocausto 

Tratado de Trianón 
Em 1920, após a derrota na I Grande Guerra Mundial, a Hungria, através da assinatura do Tratado de Trianón, perde dois terços do seu território.

O Tratado de Trianón foi assinado em 4 de junho de 1920, no Palácio Petit Trianon, em Versalhes, França. Destinava-se a regular a situação do novo estado húngaro que substituiu o Reino da Hungria, parte do antigo Império Austro-Húngaro, após a Primeira Guerra Mundial.
As partes do tratado eram as potências vitoriosas, os seus aliados e o lado perdedor. As potências vitoriosas incluiam os Estados Unidos, o Reino Unido, a França e a Itália; os seus aliados eram a Romênia, a Jugoslávia e a Checoslováquia. O lado perdedor estava representado pela Hungria.

No campo dos derrotados, a Hungria perdeu dois terços de seu território, que passou de 325.000 km² a apenas 93 000 km² após a assinatura do tratado, e quase dois terços da sua população, de 19 milhões para 7 milhões de habitantes.

O território perdido foi distribuído da seguinte maneira:
  • a Romênia recebeu a Transilvânia (102.000 km²);
  • a Croácia, a Eslavônia e a Voivodina uniram-se à Sérvia (63.000 km²);
  • a Checoslováquia recebeu a Rutênia e a Eslováquia (63 000 km²) ;
  • a Áustria recebeu a Burgenland (4.000 km²); Sopron voltou à Hungria após o referendo de 1921.
A Hungria perdeu o acesso ao mar que possuía através da Croácia.
O tratado criou expressivas minorias húngaras na Roménia, na Jugoslávia e na Checoslováquia.




  
Todo o território branco fora da linha vermelha que delimita a Hungria actual, foi o território que a Hungria perdeu....

Holocausto
Na II Guerra Mundial, em troca do apoio da Alemanha de Hitler na recuperação dos territórios perdidos no tratado de Trianón, a Hungria aliou-se aos Nazis.
Em 1941, Horthy (regente da monarquia húngara desde 1920) enviou tropas para a invasão da Jugoslávia e, mais tarde, da União Soviética.
Nos finais de 1944, Horthy torna-se um empecilho e é preso pelas SS.
Os Cruzes-Flechadas, pró-hitlerianos, passam a dirigir o país.

 565 000 húngaros foram mortos até Agosto de 1944, um terço de todos quanto morreram em Auschwitz durante o conflito.

Sovietização

Depois do governo interino ter organizado as eleições livres de 1945, ganhas pelo partido dos pequenos proprietários, com 57% dos votos, é proclamada a República.
Contudo, nas eleições de 1947, a coligação de esquerda, entretanto formada pelos Comunistas, Sociais-Democratas e outras forças políticas, chegou aos 60% dos votos, e, nas eleições de 1949, essa mesma coligação, agora a concorrer em lista única, arrecadou cerca de 95% dos votos.
Consequentemente, a 20 de Agosto de 1949, foi proclamada a República Popular da Hungria, cujo poder passou a ser representado pelo Politburo do Partido Comunista.
Entre 1948 e 1953, aquele que foi o primeiro secretário geral do partido, Mátyás Rákosi, irá pôr em marcha uma planificada e inflexível política estalinista.
A colectivização agrária foi alvo de forte contestação por parte de muitos camponeses, pelo que alguns acabaram nas prisões ou executados.
A Hungria passou então a ser mais um estado-satélite da União Soviética.

Revolução
A morte de Estaline em 1953 fez cair Rákosi, que é substituído por Imre Nagy (encetou uma política reformista nos 2 anos de permanência no poder).
Mas a linha dura não apreciou as suas reformas e substitui-o, em Abril de 1955, por Ernó Geró.

(A Revolução Húngara de 1956 foi um levantamento popular espontâneo contra o governo estalinista na Hungria e contra a política imposta pela União Soviética, iniciado em 23 de Outubro de 1956 com uma grande manifestação estudantil que marchou pelo centro da capital Budapeste. No dia 4 de Novembro de 1956, o Exército Vermelho invade a cidade e a resistência organizada chega ao fim, seis dias depois.)

O levantamento húngaro começou em 23 de Outubro de 1956, com uma manifestação pacífica de estudantes em Budapeste. Exigiam o fim da ocupação soviética e a implantação do "socialismo verdadeiro". Quando os estudantes tentaram resgatar alguns colegas que haviam sido presos pela polícia política, esta abriu fogo contra a multidão.
No dia seguinte, oficiais e soldados juntaram-se aos estudantes nas ruas da capital. A estátua de Estaline foi derrubada por manifestantes que entoavam, "russos, voltem para casa", "abaixo Gerő" e "viva Nagy".

No dia 25 de Outubro, tanques soviéticos dispararam contra manifestantes na Praça do ParlamentoMais de 100 pessoas foram mortas! Chocado com tais acontecimentos, o comité central do partido forçou a renúncia de Gerő e substituiu-o por Imre Nagy.


 25 de Outubro de 2009 -  Praça do Parlamento, Budapeste


 


 


Nagy foi à Rádio Kossuth e anunciou a futura instalação das liberdades, como seja o multipartidarismo, a extinção da polícia política, a melhoria radical das condições de vida do trabalhador e a busca do socialismo condizente com as características nacionais da Hungria.
Em 28 de Outubro, o primeiro-ministro Nagy vê as suas opções serem aceites por todos os órgãos do Partido Comunista. Os populares desarmam a polícia política.

Em 30 de outubro, Nagy comunicou a libertação do cardeal Mindszenty e de outros prisioneiros políticos. Reconstituíram-se os Partidos dos Pequenos Proprietários, Social-Democrata e Camponês Petőfi.
O Politburo Soviético decide, numa primeira fase (30 de Outubro) mandar as tropas sair de Budapeste, e mesmo da Hungria se viesse essa a ser a vontade do novo governo.

Mas no dia seguinte, volta atrás e decide-se pela intervenção militar e instauração de um novo governo. A 1 de Novembro, o governo húngaro, ao tomar conhecimento das movimentações militares em direcção a Budapeste, comunica a intenção húngara de se retirar do Pacto de Varsóvia e pede a protecção das Nações Unidas.

A 3 de Novembro, Budapeste está cercada por mais de mil tanques. A 4 de Novembro, o Exército Vermelho invade Budapeste, com o apoio de ataques aéreos e bombardeamentos de artilharia, derrotando rapidamente as forças húngaras.  

Calcula-se que 20 000 pessoas foram mortas durante a intervenção soviética.  
Nagy foi preso (e posteriormente executado) e substituído no poder pelo simpatizante soviético János Kádár.  
Mais de 2 mil processos políticos foram abertos, resultando em 350 enforcamentos. Dezenas de milhares de húngaros fugiram do país e cerca de 13 mil foram presos. As tropas soviéticas apenas saíram da Hungria em 1991.

Democracia

Em Junho de 1989,  a nação deu nova e solene sepultura a Imre Nagy e, simbolicamente, a todas as vítimas da Revolução de 1956. Uma mesa redonda nacional reuniu os novos partidos e alguns antigos, recriados (como os Pequenos Proprietários e os Sociais-Democratas), bem como os comunistas, para discutir a reforma da Constituição e os preparativos para as eleições livres.

Em Outubro, o Partido Comunista reuniu o seu último congresso e transformou-se no Partido Socialista Húngaro (MSzP). Numa sessão histórica também em Outubro, o Parlamento determinou a convocação de eleições parlamentares pluripartidárias e de uma eleição presidencial directa. A nova legislação converteu a República Popular da Hungria na República da Hungria, garantiu os direitos humanos e civis e criou uma estrutura institucional que assegurava a separação dos poderes.

A nova República foi oficialmente declarada em 23 de Outubro de 1989, aniversário da Revolução de 1956. (e por isso recordam 2 datas importantes no mesmo dia)






Praça do Parlamento, Budapeste - Hungria, 20 Anos de Democracia




Beijinhos......

 

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Noite Da Medicina...

Olá a todos!...

Sei que esta semana foi a semana da Latada em Coimbra, espero que se tenham divertido muito, é sempre especial (para quem foi às noites ou ao cortejo, claro)...

Hoje, em Lisboa, comemora-se mais uma "Noite da Medicina". Para as pessoas a quem nunca expliquei, é uma gala organizada pelo actual 6ºano, em que cada ano do curso constrói um sketch crítico e satírico sobre o ano lectivo que passou. Por exemplo, o actual 5º ano terá um sketch sobre o 4º ano já passado.

O ano passado, a Noite da Medicina decorreu no Coliseu dos Recreios, deixo-vos o sketch do nosso 4º ano, tentando satirizar o árduo 3º ano... Pode ser que depois coloquem no youtube o sketch do 5º ano da noite de hoje para também mostrar aqui...

Devo avisar que o conteúdo é impróprio para menores de 12 (ou de 16, não sei classificar)!!  (Bia tens de perguntar à mãe se podes ver!...)

A todas as meninas, divirtam-se muito esta noite... Aproveitem!
Já estamos perto de a organizarmos....
Beijinho enorme


Saudades...

Um pequeno miminho para todos nesta madrugada...

As Saudades ocorrem simplesmente porque:

Amamos...
Sentimos a falta de...
Vivemos momentos muito felizes...
A distância impossibilita o toque, o abraço, o beijo...
Valorizamos mais o que vivemos, à distância...
Valorizamos mais quem está sempre connosco, mesmo não estando fisicamente...
Os laços tornam-se mais intensos...
Há pessoas imprescindíveis...
Estamos bem vivos...

Que bom sentir Saudades!!!! :)

Beijinhos para todos
Obrigada por não serem coisas vulgares na minha vida...



terça-feira, 27 de outubro de 2009

Aprender Magyar - lição nº2

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Tokaji, Vinhos e o Património da Humanidade...



“Some fairies used to live on the hills of Tokaj. The ‘Hill of Fires’ used to make them many troubles. Especially to those who were in love with each other. One of the fairy boys even fell in a crater. His love had been searching for the lost fairy boy everywhere, and had been dropping her teardrops by the sides of the hill. The teardrops of the fairy girl had got deep into the roots of the vines, and that is the reason why the Tokaj wine is so sweet and has the colour of the Sun.”






Na confluência dos rios Brodog e Tisza, esta pequena cidade representa a região vinícola de Tokaj-Hegyalja.



 O rio Tisza e o afluente Bodrog, essenciais ao microclima da região.

Aqui se produz o melhor vinho generoso do país.

O Tokaji, de uma doçura suave e delicada, apenas se produz nesta região, que é, desde 2002, Património da Humanidade da UNESCO. (O nosso Vinho do Porto/Região demarcada do Douro é desde 2001)


Situada 200 km a leste de Budapeste, esta região vinícola estende-se por uma zona de produção de cerca de 6.000 hectares.

Encontra-se situada a uma altitude entre 100 a 400 metros acima do nível do mar. O seu clima tipicamente continental é caracterizado por Invernos extremamente frios e Verões muito quentes. A generalidade das suas vinhas situam-se nas encostas dos montes Zemplen, junto aos rios Bodrog e Tisza. O tipo de solo é predominantemente de origem vulcânica com uma elevada percentagem de argila. A reunião de todos estes factores cria condições propícias ao desenvolvimento de Botrytis cinerea (fungo), favorecido pela já referida proximidade dos rios e consequente humidade.  

E qual é a vantagem de que se desenvolva este fungo?

(Botrytis cinerea é o nome de um fungo que está na origem da chamada "podridão cinzenta" dos vegetais.
O desenvolvimento e propagação deste fungo é favorecido por ambientes com precipitação pluviométrica elevada e alta humidade relativa do ar. Se a isto adicionarmos teores elevados de matéria orgânica no solo, ainda se criarão condições mais favoráveis à sua sobrevivência. Apesar de em geral provocar danos consideráveis nas colheitas, constituindo a chamada "podridão cinzenta", há situações especiais em que a presença deste fungo nas vinhas até é desejada, constituindo então a chamada podridão nobre essencial à obtenção de certos vinhos licorosos.)


O Vinho dourado de Tokaj

O Tokaji Aszú é um dos vinhos generosos mais afamados do mundo. E chegou a pensar-se que tinha ouro em pó na sua composição. A sua fama remonta ao reinado de Matias I. Em 1458 um cronista escrevia: "os homens do Tokaji retiram ouro do solo vulcânico. E até o vinho se assemelha a fruta dourada".
Um século mais tarde, o alquimista suíço Paracelso, ao não encontrar vestígios de ouro nas uvas da região, concluía que nas uvas do Tokaj o natural e o mineral estão equilibrados.
Mas o segredo do vinho é mais comezinho: as uvas para o Aszú são vindimadas no início de Novembro, já as uvas começaram a apodrecer e a ficar bolorentas. A chamada podridão nobre permite aumentar em  70% os níveis de açúcares.





As principais castas utilizadas nesta região, nomeadamente para a elaboração do Tokaji, são fundamentalmente as Furmint (casta com um elevado potencial aromático), Hárslevelü (que proporciona a formação de um elegante bouquet nos vinhos obtidos) e Muscat.




As Caves Rácóczi




Eu e Baco, que me permitiu a brincadeira, à entrada das caves, já ele sabia o que me esperava...


Estas caves são um verdadeiro templo dos vinhos do Tokaj, um lugar privilegiado onde a realidade se mistura com o imaginário do visitante.
Foram construídas no século XV e pertenceram a reis, duques, príncipes e generais.


A sala dos cavaleiros (28m de comp e 10m de larg) é a maior sala subterrânea da região vinícola, foi ali que foi eleito, em 1526,  János Szapolyai, como rei da Hungria.






As caves do vinho Tokaji são cavadas nas rochas das montanhas vulcânicas da região, formando labirintos que chegam a ultrapassar os 30 quilómetros. Estas caves mantêm de forma natural níveis constantes de temperatura e humidade, criando condições ideais para armazenar e envelhecer os vinhos da região.


Tipos de vinhos de Tokaj - A degustação....


Esta é uma lista de tipos de Tokaj:

* Vinhos secos: Apelidados em tempos ordinarium (vinho comum) hoje em dia passaram a indicar o nome das respectivas castas: Tokaji Furmint (Prova 1), Tokaji Hárslevelû (Prova 2) e Tokaji Sárgamuskotály (Prova 3).

* Vinhos de Vindimas Tardias: Nesta categoria encontram-se vinhos provenientes de uvas parcialmente bolorentas, com maior ou menor quantidade de açúcar residual. (Prova 4)

* Tokaji Szamorodni: Esta palavra de origem polaca significa: "como nasceu" ou "como isso cresce". O Szamorodni é elaborado a partir de uvas parcialmente bolorentas sem selecção dos bagos em podridão. Usado como aperitivo pode ser seco ou doce dependendo da proporção de uvas bolorentas. (Prova 5)

* Tokaji Aszú: São os vinhos mais conhecidos da região. Provêm da adição ao vinho de base de uvas com elevado grau de podridão (também designada por podridão nobre), como resultado da presença do fungo Botritis cinerea, dando origem à formação de uma massa pastosa. A quantidade desta "massa" adicionada ao vinho de base é quantificada em recipientes próprios designados por puttonyos (cada puttonyo significa 25 kg de aszú). Nos rótulos destes vinhos encontramos obrigatoriamente o número de "puttonyos" adicionados (varia de 3 a 6) - quanto maior o nº, mais doce é o vinho.
(Prova 6 - pottonyos 5, 2001)

* Tokaji Eszencia: Uma raridade absoluta, o sumo gota-a-gota dos bagos de aszú. A Eszencia é um néctar com uma concentração de açúcar comparável à do mel.

Antes de mais devo dizer que todos os vinhos do Tokaj são vinhos brancos. Por lei, eles não podem produzir vinho tinto.
E depois, se repararem, esta degustação foi demorada... Não estava à espera que me dessem a experimentar 6 tipos diferentes de vinho com o copo relativamente meio-cheio... Era fim de tarde, a fome batia...

Então fiquei feliz e parva....



Degustação: 1 copo cheio 6 vezes, 1 cacho de uvas bem docinho sem bolor e 4 pãezinhos de queijo típicos deles...


 
Eu lá tentava comer os pãezinhos com o vinho para atenuar... Mas eram pequenos....


 


 
E fiquei assim, já se nota a parvoíce....

 
A simpática guia...

 
A simpática guia... E paciente!...

 
Esta é o degredo... Já há espera de uma pizza... Estava a rezar a quem? Sentia-me tão leve...


Para acabar, os vinhos do Tokaj são ideais para acompanhar sobremesas e frutas... É verdade que são deliciosos, como sempre apreciei mais tintos, fiquei surpreendida com estes brancos....
Arrisco dizer que são vinhos que a maioria das mulheres gostam, por serem doces e verdadeiramente bons...

Um beijinho grande para todos...

Ah, vão a este site www.vitour.org, aí encontrarão as 7 regiões vinícolas europeias Património da Humanidade da UNESCO, claro que está lá o nosso amado vinho do Porto que tanto nos orgulha...

Ficam umas últimas fotos do local abençoado por Baco....



 

 

 

 

 

 

 

 

Beijinhos

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

A convivência saudável... e o Big Mac!

Hoje tive aula de Urologia à tarde... Conheci 2  ingleses, um iraquiano e um iraniano que estão cá a tirar o curso, todos pessoas bastante afáveis, comunicativas e simpáticas...

É engraçado como passamos a conhecer os países pelas pessoas que encontramos aqui e a pôr as generalizações que muitas vezes fazemos no lixo (pelo menos algumas)....

Bem, mas foi giro assistir às várias posturas durante esta aula:

Quando cheguei à entrada do departamento estava a chover e eu com o guarda-chuva na mão. O meu colega italiano também aqui de Erasmus chamou-me e conheci mais 2 Erasmus da Roménia (ou melhor, são do Reino Unido, mas estão a estudar na maior universidade da Roménia, a 3-4h de carro de Debrecen). Perguntaram-me logo se gostava de estar cá e eu disse que sim. Mas eles disseram que cá não era bom porque fazia frio e que Portugal é que era bom, com muito sol, e o Cristiano Ronaldo.... (Lol) E foi então que perguntei se já tinham ido a Portugal, e eles disseram que não, mas que sabem como é...
Depois perguntei de que zona  do Reino Unido eram e disse que nunca tinha estado em Londres, mas que gostava muito de ir lá um dia.
Foi então que disseram que tal como a Hungria, o Reino Unido também não era nada bom para ir porque estava sempre a chover.... ;) Conclusão, Portugal é que era bom.... Lol

Entrámos na sala de aula e sentei-me ao lado do italiano e da polaca, uma vez que somos Erasmus e já nos conhecemos...

O Prof. decidiu pôr um vídeo de um procedimento cirúrgico em Alemão... Quase ninguém sabia Alemão ali, excepto o Alemão que está cá de Erasmus e a Polaca que aprendeu um pouquito na escola, segundo ela.
Então o colega da Alemanha via um pouco do vídeo e tentava traduzir em Inglês, mas ninguém estava a perceber nada e quase todos estavam desatentos...

O colega Americano (há cá um americano a tender para o bem nutrido e com barba) irritou-se e perguntou ao prof se podia ir para casa porque não estava a perceber nada (aos 10min de aula, numa aula de 3h). O Prof ficou encavacado, mas quando viu que outros queriam fazer o mesmo disse para ficarem mais 30min. E eu espantada... Se vissem como o americano falou para o Prof!... Fiquei tão espantada, a pensar "se isto fosse nalgumas aulas em Portugal já estavas chumbado", que olhei para trás com cara de espanto e o iraniano perguntou-me se eu estava espantada. E foi assim que conheci os 2 colegas 1 do Iraque e outro do Irão. O  colega do Irão viveu durante bastante tempo no Canadá e possivelmente quer voltar para lá depois do curso. O colega do Iraque quer conhecer o mundo e não quer voltar para seu o país...... Mas também põe o Canadá ou os Estados Unidos como hipótese de vida futura.

Mais engraçado ainda foi estar a ouvi-los falar com a israelita que estava ao lado deles sobre as línguas árabes, eles disseram que cada país tinha a sua língua distinta, mas que muitas vezes se conseguiam perceber, e os caracteres são os mesmos para todos os países do Médio Oriente. E estiveram ali a Israelita, o Iraniano e o Iraquiano a falar pacificamente e educadamente sobre temas interessantes... Foi bonito...

Bem, mas continuando na aula, houve 1 problema qualquer com os Prof.s que viriam continuar a dar a nossa aula e o Prof da 1ª hora disse que tinhamos de esperar 15 min. Foi aí que o americano se levantou já o prof não estava na sala e disse que se ia embora e que não sei o quê "balls". Devia querer dizer que ele tinha tomates para se ir embora e os outros não.... E lá foi sozinho...

Falámos todos mais um pouco, desta vez falei com o italiano e com a polaca sobre uma viagem que  o núcleo de estudantes estrangeiros está a  organizar à Transilvânia, e foi-nos dito que teríamos de esperar pelo Prof. mais 50min... Aí  toda a gente decidiu ir embora....

E foi assim esta aula, mais com aprendizagem cultural do que aprendizagem de urologia, mas pronto... Para a próxima aprende-se próstata e catéteres.... :)

Beijinhossssssssssssss

sábado, 17 de outubro de 2009

Saramago na Hungria...

Fui a uma livraria... É sempre bom passear pelos livros mesmo que não se perceba nada...

E ficamos sempre tão orgulhosos quando vemos um bocadinho de Portugal...

Aquece-nos o coração...


Este aparece na tradução do google como "Romance O Mosteiro", presumo que seja "O Memorial do Convento"...

 
Devo dizer que este não percebi qual é.... O Húngaro é complexo, sem dúvida...hihihi


Deixo-vos com umas citações do nosso Nobel da Literatura, vale a pena pensar nisto:

"O nosso defeito é tomar demasiado a sério certas coisas que são sérias, mas que, como se costuma dizer, não são para tanto."


 "Acho que damos pouca atenção àquilo que efectivamente decide tudo na nossa vida, ao órgão que levamos dentro da cabeça: o cérebro. Tudo quanto estamos por aqui a dizer é um produto dos poderes ou das capacidades do cérebro: a linguagem, o vocabulário mais ou menos extenso, mais ou menos rico, mais ou menos expressivo, as crenças, os amores, os ódios, Deus e o diabo, tudo está dentro da nossa cabeça. Fora da nossa cabeça não há nada."


"Não sabemos o que é ser infinitamente bom. Sabemos o que é ser relativamente bom. E sabemos que não somos capazes de ser bons toda a vida e em todas as circunstâncias. Falhamos muito. E depois reconsideramos, o que não quer dizer que o reconheçamos publicamente."


"O egoísmo pessoal, o comodismo, a falta de generosidade, as pequenas cobardias do quotidiano, tudo isto contribui para essa perniciosa forma de cegueira mental que consiste em estar no mundo e não ver o mundo, ou só ver dele o que, em cada momento, for susceptível de servir os nossos interesses."


"A única revolução realmente digna de tal nome seria a revolução da paz, aquela que transformaria o homem treinado para a guerra em homem educado para a paz porque pela paz haveria sido educado. Essa, sim, seria a grande revolução mental, e portanto cultural, da Humanidade. Esse seria, finalmente, o tão falado homem novo."

"A finitude é o destino de tudo."


Ele é sem dúvida um espírito rebelde, por isso gosto dele...  Às vezes áspero, demasiado real, mas faz tão bem pensar um pouco... E os livros que li dele conseguem sempre ter Amor...

Só vos peço uma coisa... Sejam felizes, a vida não pára e aí está a beleza...!!! ;) Beijinhos