"à procura, procura do vento. Porque a minha vontade tem o tamanho de uma lei da terra. Porque a minha força determina a passagem do tempo. Eu quero. Eu sou capaz de lançar um grito para dentro de mim, que arranca árvores pelas raízes, que explode veias em todos os corpos, que trespassa o mundo. Eu sou capaz de correr atrás desse grito, à sua velocidade, contra tudo o que se lança para deter-me, contra tudo o que se levanta no meu caminho, contra mim próprio. Eu quero. Eu sou capaz de expulsar o sol da minha pele, de vencê-lo mais uma vez e sempre.

Porque a minha vontade me regenera, faz-me nascer, renascer.
Porque a minha força é imortal."

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Tokaji, Vinhos e o Património da Humanidade...



“Some fairies used to live on the hills of Tokaj. The ‘Hill of Fires’ used to make them many troubles. Especially to those who were in love with each other. One of the fairy boys even fell in a crater. His love had been searching for the lost fairy boy everywhere, and had been dropping her teardrops by the sides of the hill. The teardrops of the fairy girl had got deep into the roots of the vines, and that is the reason why the Tokaj wine is so sweet and has the colour of the Sun.”






Na confluência dos rios Brodog e Tisza, esta pequena cidade representa a região vinícola de Tokaj-Hegyalja.



 O rio Tisza e o afluente Bodrog, essenciais ao microclima da região.

Aqui se produz o melhor vinho generoso do país.

O Tokaji, de uma doçura suave e delicada, apenas se produz nesta região, que é, desde 2002, Património da Humanidade da UNESCO. (O nosso Vinho do Porto/Região demarcada do Douro é desde 2001)


Situada 200 km a leste de Budapeste, esta região vinícola estende-se por uma zona de produção de cerca de 6.000 hectares.

Encontra-se situada a uma altitude entre 100 a 400 metros acima do nível do mar. O seu clima tipicamente continental é caracterizado por Invernos extremamente frios e Verões muito quentes. A generalidade das suas vinhas situam-se nas encostas dos montes Zemplen, junto aos rios Bodrog e Tisza. O tipo de solo é predominantemente de origem vulcânica com uma elevada percentagem de argila. A reunião de todos estes factores cria condições propícias ao desenvolvimento de Botrytis cinerea (fungo), favorecido pela já referida proximidade dos rios e consequente humidade.  

E qual é a vantagem de que se desenvolva este fungo?

(Botrytis cinerea é o nome de um fungo que está na origem da chamada "podridão cinzenta" dos vegetais.
O desenvolvimento e propagação deste fungo é favorecido por ambientes com precipitação pluviométrica elevada e alta humidade relativa do ar. Se a isto adicionarmos teores elevados de matéria orgânica no solo, ainda se criarão condições mais favoráveis à sua sobrevivência. Apesar de em geral provocar danos consideráveis nas colheitas, constituindo a chamada "podridão cinzenta", há situações especiais em que a presença deste fungo nas vinhas até é desejada, constituindo então a chamada podridão nobre essencial à obtenção de certos vinhos licorosos.)


O Vinho dourado de Tokaj

O Tokaji Aszú é um dos vinhos generosos mais afamados do mundo. E chegou a pensar-se que tinha ouro em pó na sua composição. A sua fama remonta ao reinado de Matias I. Em 1458 um cronista escrevia: "os homens do Tokaji retiram ouro do solo vulcânico. E até o vinho se assemelha a fruta dourada".
Um século mais tarde, o alquimista suíço Paracelso, ao não encontrar vestígios de ouro nas uvas da região, concluía que nas uvas do Tokaj o natural e o mineral estão equilibrados.
Mas o segredo do vinho é mais comezinho: as uvas para o Aszú são vindimadas no início de Novembro, já as uvas começaram a apodrecer e a ficar bolorentas. A chamada podridão nobre permite aumentar em  70% os níveis de açúcares.





As principais castas utilizadas nesta região, nomeadamente para a elaboração do Tokaji, são fundamentalmente as Furmint (casta com um elevado potencial aromático), Hárslevelü (que proporciona a formação de um elegante bouquet nos vinhos obtidos) e Muscat.




As Caves Rácóczi




Eu e Baco, que me permitiu a brincadeira, à entrada das caves, já ele sabia o que me esperava...


Estas caves são um verdadeiro templo dos vinhos do Tokaj, um lugar privilegiado onde a realidade se mistura com o imaginário do visitante.
Foram construídas no século XV e pertenceram a reis, duques, príncipes e generais.


A sala dos cavaleiros (28m de comp e 10m de larg) é a maior sala subterrânea da região vinícola, foi ali que foi eleito, em 1526,  János Szapolyai, como rei da Hungria.






As caves do vinho Tokaji são cavadas nas rochas das montanhas vulcânicas da região, formando labirintos que chegam a ultrapassar os 30 quilómetros. Estas caves mantêm de forma natural níveis constantes de temperatura e humidade, criando condições ideais para armazenar e envelhecer os vinhos da região.


Tipos de vinhos de Tokaj - A degustação....


Esta é uma lista de tipos de Tokaj:

* Vinhos secos: Apelidados em tempos ordinarium (vinho comum) hoje em dia passaram a indicar o nome das respectivas castas: Tokaji Furmint (Prova 1), Tokaji Hárslevelû (Prova 2) e Tokaji Sárgamuskotály (Prova 3).

* Vinhos de Vindimas Tardias: Nesta categoria encontram-se vinhos provenientes de uvas parcialmente bolorentas, com maior ou menor quantidade de açúcar residual. (Prova 4)

* Tokaji Szamorodni: Esta palavra de origem polaca significa: "como nasceu" ou "como isso cresce". O Szamorodni é elaborado a partir de uvas parcialmente bolorentas sem selecção dos bagos em podridão. Usado como aperitivo pode ser seco ou doce dependendo da proporção de uvas bolorentas. (Prova 5)

* Tokaji Aszú: São os vinhos mais conhecidos da região. Provêm da adição ao vinho de base de uvas com elevado grau de podridão (também designada por podridão nobre), como resultado da presença do fungo Botritis cinerea, dando origem à formação de uma massa pastosa. A quantidade desta "massa" adicionada ao vinho de base é quantificada em recipientes próprios designados por puttonyos (cada puttonyo significa 25 kg de aszú). Nos rótulos destes vinhos encontramos obrigatoriamente o número de "puttonyos" adicionados (varia de 3 a 6) - quanto maior o nº, mais doce é o vinho.
(Prova 6 - pottonyos 5, 2001)

* Tokaji Eszencia: Uma raridade absoluta, o sumo gota-a-gota dos bagos de aszú. A Eszencia é um néctar com uma concentração de açúcar comparável à do mel.

Antes de mais devo dizer que todos os vinhos do Tokaj são vinhos brancos. Por lei, eles não podem produzir vinho tinto.
E depois, se repararem, esta degustação foi demorada... Não estava à espera que me dessem a experimentar 6 tipos diferentes de vinho com o copo relativamente meio-cheio... Era fim de tarde, a fome batia...

Então fiquei feliz e parva....



Degustação: 1 copo cheio 6 vezes, 1 cacho de uvas bem docinho sem bolor e 4 pãezinhos de queijo típicos deles...


 
Eu lá tentava comer os pãezinhos com o vinho para atenuar... Mas eram pequenos....


 


 
E fiquei assim, já se nota a parvoíce....

 
A simpática guia...

 
A simpática guia... E paciente!...

 
Esta é o degredo... Já há espera de uma pizza... Estava a rezar a quem? Sentia-me tão leve...


Para acabar, os vinhos do Tokaj são ideais para acompanhar sobremesas e frutas... É verdade que são deliciosos, como sempre apreciei mais tintos, fiquei surpreendida com estes brancos....
Arrisco dizer que são vinhos que a maioria das mulheres gostam, por serem doces e verdadeiramente bons...

Um beijinho grande para todos...

Ah, vão a este site www.vitour.org, aí encontrarão as 7 regiões vinícolas europeias Património da Humanidade da UNESCO, claro que está lá o nosso amado vinho do Porto que tanto nos orgulha...

Ficam umas últimas fotos do local abençoado por Baco....



 

 

 

 

 

 

 

 

Beijinhos

2 comentários:

  1. Muito interessante este tema,só uma curiosidade porque será que não permitem o vinho tinto, estranho pensava que o tinto era mais rico em taninos...Fiquei sem perceber que vestia Baco...sem calças... com botas...a final o que estava a beber? Ainda bem que a Bia não viu púdica como é....eheheh
    jinhos.
    p.s a última foto já estava negra;)

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  2. Bem sabia que ias ser das mais entusiasmadas com este tema!... Não fosses tu uma verdadeira apreciadora de vinho... ;)
    Pelo que percebi, e se percebi bem, eles estão proibidos por lei de produzir vinho tinto. Perguntei à guia porquê e o que me pareceu é que era uma forma de proteger as outras regiões da Hungria que produzem tintos... Mas não tenho a certeza...Porque o país também é produtor de vinhos brancos e tintos de mesa que começam a ser mais conhecidos agora, uma vez que surgiu mais iniciativa estrangeira.
    Por exemplo, na região de Eger (que é uma cidade, talvez lá vá um dia destes)é produzido um vinho tinto encorpado lendário - Sangue de Touro. Tem as variedades Cabernet Sauvignon, Merlot e Cabernet Franc, tendo um toque robusto frutado comparável, segundo os entendidos, aos vinhos de Bordéus.
    Quanto ao Baco, não faço ideia porque está vestido, ou despido daquela forma... É um desavergonhado... Beijinhos grandes

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